Escalada da Agulha Poincenot em Chalten

Chalten é um pequeno povoado no sul da Patagonia Argentina, criado em 1985 para controlar a fronteira com o Chile. Mas Chalten é muito famoso hoje por ser a capital argentina do treking e do andinismo, pois essa cidadinha é localizada na base de duas montanhas das mais famosas e lindas do mundo: o Fitz Roy e o Cerro Torre.
Essa cidade poderia ser um paraíso para alpinistas se o clima fosse melhor: eu esperei dez dias para finalmente ter uma janela de dois dias de tempo razoavel para escalar em alta montanha!! Em media, 25 dias por mês o vento é muito forte (frequentemente mais de 100 km/h em alta montanha), chuva ou neva o dia inteiro... Felizmente perto da cidade existem umas paredes e boulders negativos para escalar os dias de mau tempo!

O camping onde estamos acampando, com o Fitz Roy, a maior montanha atrás (a agulha Poincenot que escalamos está na esquerda do Fitz Roy):



Depois de duas semanas de tempestade nas montanhas, as condiçoes de escalada em alta montanha nao eram muito boas: as paredes eram cobertas de neve e gelo.
No primeiro dia de tempo bom, o dia 25, decidimos subir ao campo base do Fitz Roy, El Passo Superior, a 8 horas de caminhada de Chalten (ponto amarelo na foto), para o dia seguinte tentar escalar a Agulha Poincenot (o ponto vermelho indica o ponto mais alto que alcançamos...):



Esse dia 25, o tempo foi simplesmente perfeito...  A água do Lago de los Tres era da mesma cor linda que o ceu... Dava vontade de nadar a pesar da água gelada!



 O Lago de los Tres visto de cima:





Subindo ao Passo Superior, as Agulhas Mermoz e Guillaumet, e o gigante glaciar que desce do Fitz Roy:



Visto do Passo Superior, a seguinte foto mostra o gigante paredao oueste de 1300m de altura do Fitz Roy.
A via Franco-Argentina, que é a via mais "fácil" para chegar ao cume do Fitz Roy e que era o grande objetivo inicial da minha estadia aqui em Chalten, passa na esquerda do paredao. Mas agora todas as paredes da montanha estao completamente coberta de gelo, o Fitz Roy nao foi escalado ha mais de 3 semanas por causa das constantes tempestades que tivemos aqui...



Eu na direita, com meus dois companheiros de escalada: Will, o canadiense, na esquerda, e Mathias, o francês, no meio:



Cozinhando no Passo Superior, com cebolas e manjericao, um luxo bem agradavel em alta montanha...





 No final do dia 25 no Passo Superior, o tempo voltou a ser nublado...



 No Passo Superior, os escaladores dormem em cuevas de neve que foram cavadas por eles mesmo no inicio da temporada em dezembro. As entradas sao pequenhas, mas dentro sao verdadeiros palacios!!



Acordamos o dia 26 as 2 da manha. Estava nevando, a visibilidade era de 20 metros por causa de uma densa neblina... Nos Alpes, com esse tempo, eu estaria ficado no meu saco de dormir tranquiiiilo, esperando o dia seguinte para escalar... Mas na Patagonia tudo é diferente: ficamos esperando dez dias uma janela para escalar! O mais importante é que nao tinha vento. Decidimos levantar, tomar café e sair rápido no escuro, de baixo de neve e na neblina, rumo ao nosso objetivo, a Agulha Poincenot pela via Wilians. Essa via tem um trecho de 300m de escalada de gelo a 60-70º, depois duas enfiadas de escalada mista (o crux) e depois 400 metros de escalada em rocha de 5to grau.
Depois de uma hora de caminhada no glaciar para chegar a base do paredao, as 6 da manha, a gente estava no meio da primeira parte em gelo do paredao, ainda estava nevando, a neblina estava um pouco melhor...



 As 8 da manha, estavamos escalando as duas enfiadas de escalada mista (rocha + gelo) que foram muito mais difíceis que previsto. Nao tinha gelo suficiente para escalar bem com os crampones e piolets, mas tinha gelo demais para escalar so com as botas de alpinismo e as maos... Ficamos duas horas nessas duas enfiadas, o escalador lutando, o segurança congelando na parada, com sempre muita neve caindo do ceu e das paredes acima!



 Finalmente quando chegamos a última parte de escalada de rocha o tempo melhorou um pouco. Foi incrível, a Agulha Saint Exupery apareceu durante alguns segundos no meio das nuvens...



Quem ja falou que escalar quinto grau é sempre super tranquilo??! Com 5 cm de neve encima da rocha e as fendas cheias de gelo, com uma temperatura de menos 10 graus, raramente um quinto grau me apareceu tao dificil... Escalamos quase toda a parte final em rocha com crampones e piolets!!



 Tivemos um outro momento divino, quando apareceu durante alguns segundos atras de algumas nuvens o que é talvez a montanha mais linda e mais difícil do mundo: o Cerro Torre!!



Mas depois o tempo piorou de novo, o vento começou a ser muito forte. O cume parecia muito perto, a menos de 100 metros, mas ja estava um pouco tarde, duas da tarde e sabiamos que a previsao de tempo para o mesmo dia a noite era péssima... Conversamos 5 minutos e chegamos a mesma conclusao um pouco amarga: era mais razoavel de começar a descer sem chegar ao cume... Calculamos que iamos demorar muito para descer. As paradas eram todas em péssimo estado, pensando no que aconteceu com o Bernardo Collares fizemos de novo quase todas as paradas com cordelete novo para nao correr o risco de uma parada quebrar...

Chegamos as 10 da noite na base do paredao, justamente quando começou a escurecer!
Mathias na base do paredao as 21:30:



Voltamos ao Passo Superior no escuro, lanchamos rápido numa cueva de neve depois de 22 horas sem quase comer e beber nada, e começamos a descer o glaciar rumo a Chalten no meio de uma épica tormenta de neve...

Chegamos ao Rio Blanco, um pequeno refugio localizado entre o Passo Superior e Chalten as 4 da manha. Deitamos no chao do refugio e dormimos em menos de 2 minutos depois de 26 horas de caminhada e escalada sem parar!!


Para terminar essa postagem eu gostaria de fazer uma homenagem ao grande escalador que foi o Bernardo Collares. Apesar da dor que eu sinto e que a comunidade da escalada brasileira sente ainda, queria mostrar com essas fotos que as altas montanhas nao sao só sinónimo de acidentes e mortes, mas sao também os lugares das aventuras mais lindas que o ser humano pode viver nesse planeta.

Abraços,
Alexis.

Rokaz Maniacos na Chapada Diamantina

Diversos escaladores e um objetivo, conquistar  incríveis “boulders” na região de Igatú, num roteiro de carro que cruzava a Chapada Diamantina e finalizava em Itacaré. A partida aconteceu em Belo Horizonte, e o percurso de ida totalizou 1.576km rodados, sobre um cenário de tirar o folêgo.
 
A Chapada da Diamantina
Um local de paisagens e mirantes inesqueciveis. Muito quente,  te deixa até com o corpo mole, mas com muita agua que  renova todas as energias. Uma região rica pela sua historia e beleza natural.
 
A Cidade
Cenário do filme" Besouro", Igatú foi um próspero povoado na fase do garimpo de diamantes, posteriormente abandonada e, atualmente, atração turística da Chapada. Construída usando as pedras abundantes do local, numa espécie de construção sem argamassa, estilo chamado de "Pedra Viva". E também um verdadeiro sitío de boulder e paraíso para os escaladores que buscam as primeiras ascenções. Local por onde permanecemos boa parte da viagem devido ao  potencial a ser explorado no local.
 
Os Boulders
O tipo de rocha é quartizito em formatos variados e bonitos, pouco abrasivo e com excelente aderência. Com alguns setores de boulder já abertos e conquistados, a região ainda dispõe de um potencial inacreditável. Foram diversas repetições e novas ascenções realizadas, de graduação variada tanto para iniciantes quanto os mais experientes. Destaque para: Salomon V8 FA de Felipe Alvares , Aurora V9 FA de Mahavir, The Best V9 FA de Felipe Alvares , Toca na Praia V8 FA de Rafael Passos.
 
Nossa casa
A casa que pernoitamos em Igatú parecia um sonho, dois boulders clássicos compunham a sala da casa, se tratava do boulder NaSala (v8). Simplesmente incrível! A casa foi construida no meio dos blocos, e nos arredores deste blocos ficavam os quartos, banheiros, sala e cozinha.
 
Litoral
Como bons mineiro não poderiamos deixar de passar na praia e aproveitar Itacaré. Diversas praias espalhadas pelo litral recortado e com inumeras possibilidades de esporte. Desta vez nós arriscamos no surf e para passar o tempo brincavamos na slack line.
 
A viagem foi incrível, a união da galera e escalada fizeram momentos inesquecíveis.
 
Experimente essa vibe.
 
 
 







APOIO: 4CLIMB, CONQUISTA, ROKAZ e ADRENA

Curso de Escalada Esportiva

Fim de semana passado, na Serra do Cipó rolou a aula de encerramento do curso de escalada esportiva da turma de Janeiro, a turma que era grande, 8 pessoas, treinou muito na Rokaz e saiu para a rocha preparada.

A Serra do Cipó foi o cenário escolhido desta vez devido ao nivel da turma, que estava alto e poderia encarar as vias mais complicadas que o Cipó tem a oferecer para os debutantes.
A lista de vias foi a seguinte: Melzinho na Chupeta 5º, Mister X 6B, Ninhos 6B, Cactos Kid 6C e Dagem 4º. E o resultado foi ótimo, a galera guiou bastante, desmontou bastante, vacou bastante (o recorde ficou com a Gabi, 6 vacas em uma só via) fez muita seg, conheceu a maioria das vias do Cipó e se divertiu muito.

Ai vão algumas fotos do curso e em Fevereiro tem mais, para reservar uma vaga procure a recepção ou diretamente o instrutor Yan Ouriques que está sempre na Rokaz.

Cristiano na Melzinho:


A galera na base da Ninhos:


Daniel Fucci na Melzinho:


Han Wen travou uma dificil batalha com a costura:
 

 Guilherme na Mister X:





Tiago costurando na Mister X:
 

Humberto em pleno crux da Mister X:


Michele um pouco desconfiada do próximo movimento:



Mas deu tudo certo!


A galera atravessando a gruta em direção a um dos cumes do grupo 3 para curtir o final do dia:


Todo mundo no cume:

Ação nos Boulders

Para começar a dar aquela motivação para o fim de semana, já que parece que São Pedro vai dar uma trégua, temos duas boas indicações de pura ação em boulder.

Última viagem de Paul Robinson a Suiça, mandando vários clássicos:

VIDEO PROFILE: Paul Robinson bouldering in Switzerland from Black Diamond Equipment on Vimeo.


Bouldering em the Ozark Mountains, no Arkansas, Estados Unidos:

8 days in the AR from Jimmy Webb on Vimeo.

Fanatic Search 2 - A girl thing...

A maioria dos Rokazmaníacos conferiu o "The Fanatic Search" e curtiu muito, agora a sequência parece que vai agradar muita gente, o filme é dedicado as mulheres desde Brooke Rabotou de 9 aninhos e que tem no curriculo 9C e V10 até Lynn Hill com 50 anos que mudaram muito o mundo da escalada.

Trailer "The Fanatic Search 2 - A Girl Thing" from WORKLESSCLIMBMORE Climbing Video on Vimeo.

Escaladas em Bariloche

No verão, Bariloche, no sul da Argentina, é um paraíso para escalar e caminhar nas montanhas. A região é parecida com os Alpes, mas com uma grande diferença: os vales formados pelos antigos glaciares não são cobertos de cidades e campos cultivados como nos Alpes, mas por majestosos lagos de água clara.

Uma foto panorámica tirada de um mirante perto da cidade de Bariloche:



Para conhecer um pouco a região, fizemos um trekking de dois dias passando pelos refágios Jakob e Frey.



Por de sol, visto do bivaque que fizemos ao lado do refágio Jakob:



Do lado ao lago do mesmo nome, o refúgio Jakob abaixo e eu com uma cara de bravo...



Num camping perto de Bariloche, juntou-se uma turma boa de escaladores mineiros (ou quase mineiros...):
Tamara, Alexis, Fabiola, Lourenço, Fei e Diego. Faltou nessa foto o Plinio, o Cotonho e a Coralie que tirou a foto.



Daniel, nosso amigo boliviano, Fabiola e Diego, na frente de uma placa que gostariamos de ver mas frenquentemente no Brasil!



Diego escalando um 8a na Piedra del Bosque (foto de Marco Canelas ou "Cotonho"):



Os setores de Pared Blanca e Carmelita (foto: Cotonho):




Lourenço escalando em Pared Blanca (fotos: Diego):





 Depois de alguns dias escalando vias esportivas, convenci as "canelinhas" (os escaladores esportivos!) a subir a um outro paraiso da escalada : o Frey.
São 3 ou 4 horas de subida caminhando para chegar a um lindo refúgio de montanha localizado do lado de um lago azul e na base de umas cinquentas agulhas de granito perfeitas para a escalada tradicional.

A turma pronta para começar a subida (Fabiola e Cotonho chegaram alguns dias depois) e com o material nas mochilas para ficar alguns dias acampado ao lado do refúgio:






 Subimos bem rápido, em menos de 3 horas, os meninos estavam super orgulhosos de mostrar que as canelas são finas, mas de aço!! Fei no Frey!!



Vista do refúgio: as barracas onde acampamos, o lago, e logo atrás o paraiso da escalada tradicional!



 Na primeira via que escalamos no dia seguinte, a clássica via Sifuentes na agulha do Frey (a agulha mais perto do refúgio):



 O Lourenço tentando fazer uma cara boa depois de passar perrengue numa fenda de quinto grau (como quase todos os escaladores de oitavo grau no calcário que descobrem as fendas de granito!):



As agulhas do Frey:


 
A agulha do Frey e o helicóptero que estava trazendo comida para o refúgio:



Visto do topo da agulha do Frey, o refúgio, o lago para beber água e nadar no final do dia depois da escalada!



Fei escalando a via Sifuentes:



Eu na última enfiada da via Sifuentes:



Tamara e Fei nos últimos metros da via:





E a turma no cume!!




Daqui a pouco mandarei outras fotos das escaladas no Frey e da região de Chalten (pequena cidade na base dos míticos Fitz Roy e Cerro Torre a 1400km ao sul de Bariloche), onde estou agora esperando uma janela de bom tempo para começar a escalar!

Abraços a todos!
Alexis