Rokazblog entrevista: Janine Cardoso

Bagulho Ignorante, 9c - Pedra do Baú, SP - foto: Alexandre Cardoso
Janine Cardoso é formada em Comunicação e Jornalismo pela PUC-SP, com foco em viagens de natureza, sociedade, qualidade de vida, performance e psicologia esportiva.  Também fez o Curso de Educação Física, com trabalhos acadêmicos direcionados para os temas: relação professor-aluno e iniciação na escalada esportiva.

Atualmente, é colaboradora da revista Aventura&Ação (revisão e redação de textos), colunista do site Go Outside (performance esportiva), e editora de textos freela para agências, assessorias de imprensa e outras mídias.

Janine é Octacampeã Brasileira de Escalada, com destaque na escalada em rocha brasileira - atleta The North Face Brasil, com apoio da 4 Climb, Ginásio 90 Graus e Empresa Casa de Pedra.

A escaladora falou com exclusividade para o Rokazblog sobre a conquista de mais um título brasileiro, a atual fase de sua carreira e projetos futuros. Confira!

Campeonato Mundial de Escalada Esportiva - Arco/Itália - 2011
 O que significou para você conquistar o 1º lugar no Campeonato Brasileiro de Escalada 2011, superando competidoras de alto nível?
É sempre valioso o 1º lugar, principalmente sabendo que muitas competidoras estavam preparando-se para atingir um desempenho legal também... Para mim, foi mais um desafio superado em uma fase de dedicação e ainda mais maturidade sobre treinamento... Então, sempre que trabalhamos para que algo se realize, e conseguimos manter a calma, a vitória é plena.

O ano passado, por exemplo, eu competi no brasileiro, mesmo sabendo que não estava treinada, após três meses sem escalar por causa do programa Hipertensão.

No 2º semestre deste ano, foquei um pouco mais nos treinos indoor, pensando no brasileiro! Para ser sincera, cheguei a cogitar uma despedida das competições para mergulhar no universo da rocha... Sendo assim, é claro que eu gostaria de vencer.

Mas eu gosto de competir, cada conquista é única, especial... Cada título veio em fases diferentes da vida, cada um deles com uma batalha diferente do dia a dia envolvida.

Qual foi, ou foram, os momentos mais difíceis da competição para você?
O momento de entrar por último na via final é sempre o mais difícil, pois é quando o atleta escuta toda a vibração do público com a escalada dos competidores anteriores... Isso vai gerando ansiedade em entrar logo, nunca é fácil... Por isso, é tão intenso e marcante...

Fisicamente, achei dois lances da via semi-final mais exigentes, pois exigiam mais força, explosão e tensão corporal... Mas, no geral, o momento da grande final foi mais tenso, com certeza, pois era o decisivo.

Você realiza algum tipo de treinamento? De que forma isso contribuiu para a conquista deste resultado?

Eu treino duas a três vezes por semana indoor, envolvendo travessias, boulders, campus board e finger... Em 2010, treinei por três meses com uma planilha montada pelo Cesinha, e a partir dela, fui desenvolvendo meu próprio treino, respeitando meu corpo, vendo o que funcionava melhor... Cada fase de treinamento é um aprendizado... Nos finais de semana, eu escalo vias à vista, ou trabalho vias, seja no ginásio, seja na rocha.

Cada nova via é um aprendizado. A escalada em rocha é um grande treinamento, mas normalmente a experiência em campeonatos é que ajuda a ter um desempenho bom no campeonato... Ou seja, a experiência em competições aliada a um momento confiante, após bom resultados em rocha e um treinamento adequado para competição, com certeza ajudou a chegar a esse resultado.

Via Sombras Flutuantes 9b - Serra do Cipó - Foto Andre Portugal Braga
Na sua opinião, qual é a importância da inclusão das categorias amadora e iniciante no Campeonato Brasileiro de Escalada?
É rico demais!!! É uma troca fundamental para todos os participantes. Fiquei muito feliz ao ver o número de pessoas competindo em BH, assim como tenho visto em diversos campeonatos pelo Brasil.

Quais são os seus próximos projetos e objetivos?
Quero conhecer alguns points novos em rocha pelo Brasil, continuar escalando, nada de diferente ou muito inovador, pois ganhando, perdendo, eu simplesmente gosto de escalar...

O mundo é bem grande e tem muita rocha, lugares e vias novas para conhecer. Quero manter o contato leve com a escalada, com a comunidade, continuar encaixando minhas horinhas de treino de escalada no final do meu dia de trabalho, me dedicar à educação da minha filha no meio disso tudo, manter minha boa saúde mental e física e meu coração em paz.

Psicobloc no Nordeste: Marcelo Maragni / RedBull Content Pool

Um comentário:

  1. Janine é um exemplo para todos como pessoa, atleta e principalmente mulher. Já entrou para a história da escalada brasileira com suas conquistas, excelente escaladora com o lado humano extremamente desenvolvido. Tive a oportunidade de fazer algumas viagens com ela e o alto-astral e bom humor é marcante na personalidade dela.
    Parabéns pela entrevista e pelo canal sempre muito ativo de contribuição para a evolução da escalada brasileira!

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